domingo, 1 de setembro de 2013

Croácia (Périplo 2012), Dia 6: a luz de Zadar


Partimos de Krk (a maior e mais povoada das 1246 ilhas e ilhéus da Croácia - exatamente com a mesma área da ilha de Cres) bastante cedo e animados. Planeávamos descer a costa norte da Croácia e acampar já na Dalmácia, entre Zadar e Split. Krk não nos impressionou: gostámos, mas não "marcou a diferença", que é o que dizemos de um lugar a que não nos importaríamos de voltar.
 
Quando chegámos perto de Senj, decidimos que não continuaríamos pela estrada nacional que acompanha a costa da Croácia continental, pois estava a levar-nos muito tempo percorrê-la. Infletimos para o interior de modo a apanharmos a autoestrada que atravessa o sul do país na diagonal. Neste trajeto inicial, ficámos encantados com a paisagem: a simbiose entre o mar, as ilhas e a montanha é difícil de descrever; fazia-nos estar bem com a vida e querer continuar a explorá-la. Para além disso, parecia-nos bruta: com pouca intervenção humana e sem turismo de massas.
 
Para uma melhor visualização das fotografias, cliquem sobre qualquer uma delas
 
 
Chegámos a Zadar pela hora do almoço. Estacionámos junto às muralhas e matámos o bicho (sandes preparadas ao pequeno almoço e uma Tomislav - uma ruiva fantástica com vestígios de caramelo e muito torrada) à sombra das árvores de um pequeno parque no exterior da fortaleza e virado para o porto interior da cidade, muito calmo.

O que prevalece no olhar de um observador atento é a luz intensa que cai sobre toda a cidade, como um manto branco. Até as ruelas mais estreitas e sobrias não lhe escapam. Foi um prazer caminhar por Zadar, apesar de algum bulício. A impressão com que ficámos foi a de ser uma cidade que pedia mais importância do que aquela que terá no panorama croata ou mesmo nos radares da indústria turística. Achámos que estava bem assim: movimentada, mas ao mesmo tempo relaxada; os monumentos bem conservados e "vivos", no sentido em que não pareciam peças de museu: abertos ao público, na rua. Impressionou-nos a simplicidade da Igreja de São Donato, pré-romântica e com uma estrutura circular, que visitámos, e onde me diverti com uma foto de uma freira colecionadora, ali exposta. Encontrámos um grupo de portugueses em excursão: ficaram admirados com a nossa aventura e uma das senhoras do grupo despediu-se da Lili com um ruborizador "Boa viagem, minha linda."
 

 

 



Partimos a meio da tarde em direção a Primošten, onde pretendíamos pernoitar, no Camping Adriatic. Já tivemos dificuldades em arranjar lugar, mas acabámos por ficar com um espaço agradável, devido a um registo errado do rececionista (o casal que iria ficar com aquele alvéolo chegou logo a seguir e tinha feito reserva). Por muito que reclamássemos, ficaram com os nossos cartões de cidadão. Como já não tínhamos tempo de chegar a outro parque de qualidade, acabámos por ficar, mas decidido a arrancar no dia seguinte, ao contrário dos nossos planos. O parque está situado num pinhal frondoso e possui uma praia privativa com uma paisagem extraordinária, que nos possibilitou ver o pôr do sol num horizonte salpicado de ilhas. E, claro, refrescar a pele de outro dia tórrido.

 


Estávamos cansados e fizemos apenas uma salada de feijão frade com ovo e atum, que nos satisfez. Durante a montagem da tenda e o jantar provei mais duas cervejas diferentes: a croata Ožusko (parecida com a eslovena Laško, que é muito do meu agrado) e a italiana Castello (bastante discreta). Terminei a noite sentado sobre os godos da praia: a ouvir o espraiar das ondas e o movimento das embarcações no horizonte escuro, enquanto a Lili mergulhava no primeiro sono. Um dia magnífico!
 
Conta-quilómetros: 3172 (362 neste dia)
 
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