segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Croácia (périplo 2012), Dia 7: Nota altíssima


Primošten
Para uma melhor visualização das fotografias, façam um clique sobre qualquer uma delas

Deixámos o Camping Adriatic, nos arredores de Primošten, sem saudades. Não porque o parque não fosse bom, mas por nos terem "arrestado" os cartões de cidadão durante a noite, chegando mesmo a dizer-nos que, se quiséssemos ficar no parque, os cartões teriam que ficar na receção (não tivemos alternativa, como expliquei na postagem anterior). Mas não foi por este episódio que começámos a achar os croatas pouco simpáticos; não nos estavam a parecer propriamente antipáticos: mais de um espécie de "indiferença impaciente". Mas adiante, porque não viemos pelos croatas...
 
Nem pelos generais ou javalis! Vimos vários cartazes e bandeiras com rostos de generais croatas, especialmente em vilas e aldeias, provavelmente heróis nacionais da guerra dos anos 90 com a Sérvia. Outras guerras devem travar os javalis com os automobilistas, pois são inúmeras as placas de trânsito sinalizando a existência destes mamíferos.
 
O calor vinha-nos a perseguir, mas não como neste dia: às 10.30 da manhã, já em Split, o termómetro marcava 40ºC! Como nos levantámos cedo, era hora de fintar a fome... e a sede... E não tivemos preconceitos: trazíamos uma Ožusko fresca na arca e, antes que aquecesse,...
 
Despachámos as sandocas num parque situado junto à estátua de Gregório de Nin - um bispo do séc. X que lutou pelo uso do croata antigo na liturgia. É um ponto de paragem obrigatório, junto à porta norte do Palácio de Diocleciano, pois diz-se que esfregar o seu dedo grande do pé traz sorte. Fizémo-lo, claro (azar não dará, certamente), assim como a falange de jovens que víamos em grupos de 15-20, aparentemente em excursões de cariz religioso.
 
 


O Palácio de Diocleciano, Património da Unesco, é um dos monumentos romanos mais imponentes e bem conservados da Antiguidade, cuja construção terá começado no ano 300 d.C. Vale a pena ler a página da Wikipédia dedicada a esta "residência imperial fortificada". As dimensões exteriores do palácio são espantosas: 175 (N) x 215 (E) x 157 (S) x 215 (S) metros, sendo a área edificada superior a 3,8 hectares. O que este palácio tem de mais interessante é a de ser um monumento vivo; isto é: não é nem um edifíco fechado nem uma espécie de museu, mas sim um labirinto de monumentos e de ruas cheias de lojas, restaurantes e bares.
 
Começámos por subir à torre da Catedral de São Domnus para uma vista geral sobre cidade; a meio da subida, a Lili congelou e encostou-se a uma parede; não continuaria. A vista era soberba, dando-nos a perceção da real dimensão do palácio.
 
 

Após a descida, apreciámos o ar relaxado ou introspetivo de muitos turistas no Peristilo e visitámos o Templo de Júpiter, antes de percorrermos calmamente as ruelas do complexo para oeste à procura de um local para almoçar. Acabámos por comer algumas fatias de pizza junto à marginal e sob um calor indescritível, insuportável. Tal, que acabado o frugal repasto, decidimos partir. Com alguma pena, pois a cidade convidava a mais alguns passeios displicentes, a umas conversas de esplanada... enfim...
 


 


 
Apontámos o bólide para sudeste; tentaríamos acampar perto de Dubrovnik. A caminho, teríamos de ultrapassar um possível obstáculo: a passagem pela faixa costeira de Neum. A Croácia não é um continuum territorial; a região de Dubrovnik é uma espécie de enclave, separado do resto da Croácia por 24 quilómetros de território costeiro da Bósnia e Herzegovina. Tínhamos lido que necessitaríamos de passaporte (que não levávamos) e da extensão do seguro automóvel, que geralmente não inclui a Bósnia (que levávamos). Caso não fosse possível passar o posto fronteiriço, teríamos que voltar umas dezenas de quilómetros para trás e apanhar um barco em Ploce até Trpanj, na península de Pelješac.
 
O trajeto entre a região de Ploce, onde acabava a autoestrada, e Neum, é lindíssimo, com vales extensos e férteis e montanhas a cairem no mar. A passagem pelo posto fronteiriço de Neum (foto em baixo - 4ª) revelou-se fácil (embora alguns carros estivessem a ser revistados), a que não deve ser estranho uma intenção futura de a Bósnia e Herzegovina aderir à União Europeia.
 
 

 
Após a passagem pelo segundo posto fronteiriço e novamente na Croácia, concluímos que já seria tarde para acamparmos perto de Dubrovnik (parques potencialmente cheios) e telefonei para um parque de campismo de que tinha lido muito bem, situado em Orebić, no extremo da península de Pelješac. Ainda tinham lugares e fizemos uma reserva, pois ainda nos levaria cerca de hora e meia a chegar. Faríamos desse parque um ponto de partida para Dubrovnik e outros passeios.
 
E que grande surpresa! Atravessar toda a península de Pelješac foi uma experiência sensorial magnífica: a paisagem mudava constantemente, entre estradas junto ao mar, a montanhas que davam lugar a vales desérticos e novamente a montanhas, desta vez a pique sobre o mar, da face norte à face sul da península, com ilhas ao largo desta, até chegarmos a um dos parques de campismo mais extraordinários em que já ficámos, o Autokamp Nevio.




Nesta noite, jantámos e bebemos bem: bifinhos de frango salteados com arroz seco e salada, regados antes e depois por duas cervejas estrangeiras: a checa Staropramen, referida na postagem anterior, e a bósnia Sarajevsko, em versão ruiva. Tiveram ambas nota altíssima, para não destoar do dia.

Conta-quilómetros: 3482 (310 neste dia)

Ler: Dia 0     Dia 8

Sem comentários: